Saudações fraternas a você que me oferta generosamente a sua atenção.
No dia 29.03.2022 a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo votou pela aprovação do Projeto de Lei que foi proposto pelo Governador e seu Secretário da Educação para mudança no Plano de Carreira dos Docentes. Apesar das manifestações contrárias, dos esforços de diálogo para negociar pontos centrais do projeto, das lacunas deixadas pelo Projeto de Lei, nós, docentes, fomos derrotados e precisamos reconhecer este fato.
Não é possível neste momento fazer um contraponto otimista e deixar palavras de esperança. Neste momento, talvez seja muito pertinente mantermos nossas emoções e sentimento de luto no seu devido lugar. Talvez, devemos focar no luto como variação do verbo “lutar”.
A política pública educacional nos possui, trabalhadores (as) da educação, como os grandes agentes de realização da estrutura estatal e social. No entanto, nem sempre estamos atuantes em todas as formas de realizar deliberações e ações políticas. Muitas vezes a sala de aula é o nosso único ambiente.
É difícil reconhecer, mas, a nossa inércia permitiu que agentes de outros campos “tomassem”, ou melhor, se apropriassem, do nosso espaço por direito. Nós precisamos retomar o nosso protagonismo, a nossa autonomia e nossa força enquanto agentes fundamentais da construção de uma comunidade, de uma cidade, de um Estado e de nossa Nação.
Uma das dimensões fundamentais de nosso trabalho é a sala de aula. Ali precisamos fortalecer e oferecer o nosso máximo, sempre, para que nossos alunos, alunas e alunes tenham as melhores oportunidades para o seu desenvolvimento intelectual, ético, político, em suma, cidadania plena. Somente uma sala de aula de qualidade poderá formar situações democráticas, produzir experiências de formação de autonomia e condições capazes de valorizar todas as vozes que constituem o nosso povo.
Outra dimensão importantíssima é a nossa organização em colegiados escolares, tal como o Conselho de Escola, a Associação de Pais e Mestres, ou equivalentes. Nesta dimensão deliberamos de forma democrática as situações mais envolventes de nosso cotidiano e de nossa rotina escolar.
Precisamos fortalecer grupos, associações ou equivalentes que abram espaço para mediar as relações entre o cotidiano escolar e as políticas públicas formuladas nas instituições legislativas e executivas responsáveis. Dito de outro modo, precisamos compreender que do chão da escola até as Assembleias Legislativas ou os Palácios dos Executivos existe um espaço de produção política. Ali precisamos mediar aquilo que é exigência de nossa realidade imediata e dos projetos de coletividade expressos como políticas oficiais.
Ainda, não podemos esquecer de manter um sindicato que seja capaz de unificar a classe dos trabalhadores (as) que possuem o mesmo ofício, ou seja, embora nos últimos anos uma opinião pública procure enfraquecer os sindicatos tradicionais, são eles que permitem pensar em nossa existência enquanto categoria e nele podemos agir como unidade social engajada com a dimensão educacional. Se nossos sindicatos não nos representam, precisamos lutar para que nosso espaço seja garantido ali.
É preciso focar em planos consistentes de curto, médio e longo prazo que precisam ser permanentes discussões e deliberações em esfera legislativa. Para conseguir fazer isso, precisamos eleger representantes que levantem as demandas ou pautas que julgamos pertinentes e devemos como cidadãos cuidar de perto dos mandatos daqueles que elegemos como nossos representantes.
Até aqui o trabalho já está árduo e bastante complexo. Mas, ainda é preciso lembrar que também é preciso ter planos para o funcionamento do poder executivo e por isso precisamos conhecer bem as propostas educacionais feitas pelos prefeitos (as/es), governadores (as) e presidente (a). Os representantes do executivo possuem intimas relações com as demais esferas organizadas da educação, por isso, conseguem articular estratégias e ações com impacto social, que podem ser construtoras ou destruidoras.
Embora tenha escrito este caminho em forma de esboço geral, talvez este esboço seja um caminho interessante para pensarmos a educação enquanto política pública, como uma dimensão um pouco maior que as conversas cotidianas estabelecem. Precisamos articular nossas ações para que organizemos os nossos esforços de modo efetivo. Precisamos reconhecer que A UNIÃO É O ÚNICO CAMINHO.
Ainda existem mais pautas que precisam ser levantas? Caso queira e possa, comente aqui neste texto temas que julga fundamental para a realização da política pública de educação que afeta a vida de todos os brasileiros, brasileiras e brasileires.
Ainda temos as eleições... Governos entram, governos saem... Por isso a luta deve continuar...
ResponderExcluirCom certeza as mudanças acontecerão. Sejamos ativos para participar das decisões em qualquer governo. É isso, obrigado minha cara.
ExcluirExcelente artigo brother. A luta continua por educação pública de qualidade e com professores felizes.
ResponderExcluirAlegria é arma contra o sistema! Viva a educação pública
ExcluirNão é fácil transformar sentimento de luto em luta, concordo que seja o caminho, porém a frustração é grande, nossa desorganização tem gerado perdas atrás de perdas. Vamos juntar os cacos e atuar politicamente nas esferas que podemos. Refletir e agir, concordo que é a única forma de avançar. Grato pelas palavras e força Ricardo
ResponderExcluirObrigado pelo comentário! Estamos juntos camarada!
ExcluirVerdade meu amigo. É preciso ação nas bases para derrotamos os retrocessos.
ResponderExcluirObrigado amigo, precisamos mesmo de união de base. Precisamos fortalecer a amizade e a identidade coletiva.
ExcluirÉ isso companheiro. União pela base é fundamental para tentarmos nós fortalecer. Mas a sensação de impotência é grande... Não podemos esquecer que os trabalhadores no mundo inteiro estão perdendo direitos, e no Brasil tb, infelizmente.
ResponderExcluirDe fato, é um movimento global. Estamos juntos na luta✌✌✊✊
ExcluirSeria interessante poder compartilharmos esse artigo.
ResponderExcluirFique a vontade, basta copiar o link e enviar para que você quiser. De forma direta a plataforma autoriza diretamente apenas para algumas ferramentas de compartilhamento, mas é de domínio do google, não é programação minha. Obrigado por sua leitura.
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