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Uma introdução aos rumos do mundo do trabalho nas próximas décadas (Parte I)

 


Saudações estimados leitores (as).


É preciso reconhecer a realidade atual que aparentemente caminha em direção de mudanças significativas no mundo do trabalho, afinal, é muito importante que todas as pessoas possuam preparação adequada para enfrentar e lidar com as demandas destas novas condições.


De tempos em tempos os veículos de informação tradicionais fazem matérias ou noticiam que determinadas empresas “apostam” em novos modelos de trabalho, ou que voltaram e retomaram modelos mais "tradicionais" de trabalho. Afinal, quais os rumos do trabalho nas próximas décadas?


Talvez não seja possível responder com precisão absoluta a questão proposta, no entanto, é preciso reconhecer que existem subsídios históricos e tendências que permitem inferir alguns conhecimentos sobre o assunto tratado. Dada a complexidade do tema, os resultados das pesquisas realizadas serão publicados em partes e buscará explicitar ideias férteis para compreender o fenômeno de nossa investigação.


Neste primeiro momento talvez seja útil partir de uma espécie de conhecimento comum que já está difundido em nosso tempo. Muitos especialistas alertam de forma veemente pelo menos desde a chamada “Primeira Revolução Industrial” que uma umas das principais transformações no mundo do trabalho estão associadas a automação, ou seja, a substituição de funções realizadas por humanos para tarefas realizadas por tecnologia. Obviamente tal fenômeno produziu e ainda produz – porque a tecnologia continua em desenvolvimento -, a perda de empregos em determinadas áreas ou setores produtivos, mas, ao mesmo tempo, criou trabalhos em áreas que ainda não existiam. De algum modo é preciso reconhecer que a automação possui um duplo caráter, em primeiro lugar uma dimensão de substituição do trabalho humano pelo trabalho realizado por tecnologia (fato que trás consigo uma série de derivações) e, em segundo lugar, possibilitou a criação de empregos associados ao contexto tecnológico (fato que também trouxe consigo uma série de derivações). 


Portanto, até aqui precisamos reconhecer que a automação é um fenômeno muito importante e a sociedade precisa estar alerta para suas consequências que podem envolver o desemprego, a necessidade de formação específica para um novo contexto laboral, a consequência da centralização de riqueza em menos sujeitos - uma vez que o capital humano das indústrias tende a diminuir para ampliar a produção dos bens etc. Por muito tempo se falou em adaptação aos novos tempos, mas, é preciso reconhecer que não se trata de um simples fenômeno adaptativo, trata-se de manifestações sociais e atuações políticas.


Além da automação, outro importante tema relativo ao mundo do trabalho é acerca das mudanças nas profissões que ocorrem ao longo do tempo por mudanças nas dinâmicas de existência. De tempos em tempos por diferentes motivos algumas profissões se tornam obsoletas e outras surgem. Este é mais um motivo para que pessoas, empresas, sociedade e políticas públicas foquem em promover oportunidades para que as pessoas estejam preparadas com habilidades e competências adaptativas. Mas, assim como o adendo feito na automação, é preciso sempre levar em conta que decisões de cunho social são escolhas do povo e por isso não se trata de um processo unilateral de adaptar pessoas para o mercado de trabalho, precisamos adaptar o mercado de trabalho as pessoas também, responsabilizando as empresas com a formação de seu quadro de pessoal para que se mantenham atualizados e ativos, garantindo a totalidade do processo de produção.


Estamos chegando, ao longo desta dissertação, cada vez mais próximos de discutir assuntos mais complexos como os papeis de cada agente social no mundo produtivo, o papel das empresas e indústrias, o papel do trabalho rural, a importância das legislações trabalhistas e dos governos, em suma, da importância de entender o fenômeno do trabalho dentro de outras perspectivas que nem sempre o senso comum possui saber nítido, mas que devem ser tratados em outras ocasiões.


Até aqui podemos concluir que a tecnologia e o tempo histórico possuem um papel fundamental para as mudanças que acontecem no mundo do trabalho e produtivo em geral. A automação, a inteligência artificial, as habilidades e competências para a estrutura produtiva, a condição dos empregados e desempregados, a economia política, enfim, todas as dimensões do fenômeno são relevantes para nos situar com responsabilidade e segurança em nossa existência e na criação das próximas gerações. Por isso, vamos desbravar o universo do trabalho humano.


Até breve!


[Gostou deste texto ou tem alguma crítica? Comente, compartilhe e ajude este trabalho feito com muito carinho. Juntos podemos chegar mais longe!]


Comentários

  1. É uma Dissertação de Mestrado que você está fazendo?
    Nas obras de Karl Marx ele fez vários alertas rdlativos ao desenvolvimento nas condições da sociedade burguesa, capitalista, inclusive que o desenvolvimentk insessante dos meios de produção é uma das condições de existê do modo xe produção capitalusta - Manifesto do Partido Comunista, fevereiro de 1848.

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    1. Não se trata de uma dissertação de mestrado, apenas um texto ensaístico e preliminar de estudos. Agradeço sua recomendação de leitura e tenha certeza que serão agregadas em minha pesquisa. Obrigado.

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  2. Excelente reflexão.
    A tecnologia promove mudanças cada vez mais rápidas sendo fundamental que tenhamos uma educação voltada tanto para desenvolver as pessoas nesse sentido quanto no sentido de pensamento crítico e adaptabilidade para lidar com constantes mudanças.

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    1. Excelente contribuição meu caro. Obrigado por sua leitura e por comentar por aqui. Concordo contigo, precisamos de adaptabilidade e de pensamento crítico. Obrigado.

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  3. Salve, dahora o texto. Gostei muito do trecho em que chama a atenção para a responsabilidade das empresas em promover meios para que os sujeitos possam acompanham as mudanças estruturais.
    Diei

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    1. Obrigado por sua leitura e por sua contribuição. Talvez num momento próximo consigo desenvolver com maior qualidade a ideia das empresas tomarem as responsabilidades no processo educacional. Atenciosamente.

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  4. Emirados Árabes, Reino Unido, Bélgica, Islândia, Suécia e outros países do mundo testam redução da jornada de trabalho para 4 dias úteis. E concluem melhor qualidade de vida . No Brasil, não há alteração. Estatísticas mostram várias doenças ligadas ao excesso de trabalho. Bournout é uma delas.

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    1. Muito obrigado por sua contribuição. As indicações de políticas em desenvolvimento em outros países serão objeto de meus próximos estudos graças a sua contribuição. Obrigado.

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